Porque me sufocam as palavras

Por que escrevemos tanto, deixamos as palavras voar, mas quando saimos das letras, eu paro?
Por que ouvimos tanto a voz um do outro, mas quando cruzamos os olhos, nada mais tenho a dizer?
Por que passo longos minutos olhando ao redor, como nervoso ou ansioso, se já estou com você?
Por que temos a impressão de termos tanto para se resolver, e pouco faço?
Por que pareço tão amplo, e às vezes tão supeficial, previsível?
Por que parece que temos tanto a falar, e no entanto nada digo?

Porque ao seu lado, a escrita é fraca.
Porque cruzar seus olhos, é um convite para se passar toda uma vida contemplando-os.
Porque não conheço nada mais nervoso e ansioso que o sentimento que desperta ao seu lado.
Porque contigo, tudo se resolve.
Porque não consigo mergulhar em mim, quando já estou absorto em você.
Porque me sufocam as palavras quando tudo que quero é te beijar.


Uma Emoção, Mil Significados

Entro apressado no trem. Não sei se porque acho que estou atrasado ou pela ânsia de imaginar que uma viagem sentada seria melhor. Nós que já sentamos tanto, precisamos mesmo de tanto conforto?
Mas me sento, e esqueço meus devaneios, sedentarizo corpo e mente.
Quase não noto quando, à frente, uma mulher tem dificuldade para passar. Um casal à sua frente tenta buscar dois lugares vagos, como não encontram, deixam um espaço aberto. A mulher senta-se. Agora entendo porque ela se complicava em se deslocar: leva consigo uma grande mala com rodas.
O trem começa a se mover, acelerando vagarosamente. Todas as pessoas ao redor fingem ignorar umas às outras. As que não estão com um conhecido, distraem-se com os arredores ou perdem-se em pensamentos. Tento não pensar no que farei em seguida para não abrir brechas à ansiedade, para não gerar expectativa e esta poder gerar decepção. Tento-me ater ao chão, para a felicidade ocorrer no real e não no imaginário.
As pessoas ao redor, principalmente aquelas em pé, tentam fazer suas melhores poses. Procuram mostrar a melhor primeira impressão possível a um bando de estranhos enquanto ao mesmo tempo se indagam como todos os outros podem ser autômatos sem mente enquanto são uma das únicas pessoas conscientes e pensantes. Todos especiais ao seu modo, todos convencidos demais disso.
Sem o conhecimento, ou pelo menos sem que esbocem tal, dos outros passageiros, noto que há algo de errado com a mulher com a mala. Seu rosto contorce-se de vez em quando em espasmos de tristeza, como alguém tentando lutar contra algo muito ruim dentro de si, mas parecia estar perdendo a briga. Seus olhos começam a pesar, piscando cada vez mais rápido. Antes que me dê conta, já escorria a primeira lágrima.
A mulher não parecia ter vergonha. Permaneceu parada, apenas deixando as gotas correrem seu rosto e sua face entregar-se à tristeza. Mas não encobria-se ou se limpava, simplesmente refletia. Estava claro que suas lembranças a faziam chorar... mas o que poderia ser tão poderoso?
Tentei associar à mala. Era grande, parecia ser uma viagem longa. Ou para longe. Ambos, talvez. Talvez estivesse chorando por se lembrar de tudo aquilo que deixaria para trás e não teria novamente nesse lugar para onde iria.
Seria saudade?
Ou, talvez, chorava por lembrar de suas tristezas. Tivera experiências muito ruins onde estava, e recordava de tudo aquilo que a fazia mal, e estava prestes a se lembrar. Talvez estivesse fugindo. Talvez tivesse feito por merecer sua viagem, suportando muito tempo de sofrimento onde não pertencia.
Seria esperança?
Mas então o lugar que preciso parar chega, e a educação me diz para parar de olhar para a mulher enquanto meu coração diz para ir consolá-la. Esqueça, deixa-a ir. Apenas aprenda a pluralidade dos sentimentos.

Em um Instante que se faz a Diferença

Seis horas.
O instante de um dia cansativo.
Em um ponto de ônibus, rostos deprimidos.
Rugas de preocupações.
Cansaço.
Sofrimento.
Todos acumulados.
Nada que ela sinta.
Vindo de outro mundo, a mulher senta-se ao banco.
Muita maquiagem, pouca roupa.
Nada vulgar, suas amigas diriam.
Nada com o que se preocupar, alguém de vida esforçada notaria.
Só um instante com mais uma.
Seu olhar vaga pelos individuos ao redor.
Nada interessa.
Todos acabados.
O veículo chega.
Não há coragem para se pôr na frente da esplendorosa fêmea.
Nem ela quer que um reles o faça.
Sobe as escadas, analisa cuidadosamente o ambiente.
Ninguém digno.
A poucos metros, o único lugar vago.
Dividir o banco com um sujeito.
Dentuço e sorridente. Desengonçado e fraco. Amistoso e patético.
Passa direto.
Pobre mortal, terá a companhia de outros de seus iguais.
Como único lugar, terá oportunidade de se expor um pouco.
Seus instantes de glória.
Finge que não gosta dos olhares.
Mal consegue enganar a si mesma.
Todos mudam.
O ódio toma conta da mulher.
Os olhares se foram.
Na entrada do ônibus, uma menina sobe.
Mas não, é uma mulher.
Apenas completamente alterada.
Seu corpo à mercê de uma doença.
Que a mulher nunca vai ouvir falar.
Ela também vê a ausência de lugares, e o menino.
Mas seus olhos brilham, por um instante apenas.
O garoto se levanta.
Ajuda-a com as muletas.
Conversa com ela por toda viagem.
Vai embora sem dar seu nome.
Fica no anonimato sem pretensões.
Todos maravilhados.
A mulher em sua cólera pessoal.
Por alguns instantes, perdeu os olhares.

Por um instante, todos tiveram algo melhor para olhar.

Lágrimas à Primeira Vista

O homem dá a última garfada no seu prato, olha para ela, sentada próximo, com os braços repousando sobre a mesa e a cabeça sobre eles. Ele pisca para ela, ainda mastigando, e passa a mão pelos longos cabelos negros da mulher. Ela lhe retribui com um sorriso, os olhos quase fechados por suas bochechas, agora tão pálidas. Vá descansar, ele lhe diz. Ela se levanta, pega sua jaqueta atrás da cadeira e vai colocando nele. Pare de se preocupar comigo, lhe responde, e volte ao trabalho. Ele se levanta, beija-a no rosto. Volto assim que puder, conclui, caminha para a porta da casa e despede-se com um aceno de mão, ao que ela responde mandando um beijo com a sua.
Esse era o quinto dia seguido que ele vinha almoçar em casa, desde que ela começara a adoecer. Era trabalhador, e, no entanto, andava se arriscando demais para apenas ver se ela já melhorara. Como não podia ela mesmo trabalhar, tentava usar o tempo da melhor forma possível. Agora, era dando valor a esse gesto.
Enquanto pega as coisas na mesa, cantarolando com um sorriso, ouve a porta abrindo e em seguida fechando-se com violência. Vê então sua filha correr na direção do quarto e fechar a porta de seu quarto com igual força.
Batidas ecoam suavemente na porta rosa do quarto da menina. A mulher entra, observa por uma fração de segundo o interior, nostálgica com todos os brinquedos que se encontravam, agora, nas prateleiras mais altas, e ao mesmo tempo assombrada com os cartazes de ídolos musicais de que ela nunca ouviu falar, assim como os muitos lugares guardando maquiagem, acessórios e tantas outras coisas que mesmo ela tinha dificuldade em dizer o que havia em cada. Ela, sua própria mãe. Sua filha crescia, ela teria que se conformar. Ela teria que se conformar?
A menina encontra-se na cama, com a barriga virada pra baixo e o rosto enterrado no colchão, em um lamúrio que já lhe era familiar. Senta-se ao seu lado e vê os frágeis braços envolvendo-a com força. Minha querida, o que aconteceu?, lhe pergunta, e tem de esperar sua menina conseguir conter suas lágrimas a fim de obter uma resposta. Ele foi um monstro, ela lhe diz chorosa, nunca mais quero ver ele nem homem nenhum. Sua mãe se restringe a responder dando mais vigor ao abraço. Sabe que, nesse momento, nada que diga vai amenizar sua dor.
Após alguns minutos, ela finalmente olha para a mãe. Vê o rosto pálido da mulher. Papai esteve aqui de novo, não foi?, pergunta-lhe a menina. Sim, sua mãe responde, ele é preocupado comigo, então afaga o cabelo da menina e sorri para ela. Esses homens da minha geração, continua a filha, encostando a cabeça contra o convidativo ombro a sua frente; eles são horrorosos, mãe.
A mulher suspira, diz quase que para si mesma, não minha filha, eles sempre existiram.

...

Esses olhares não param, será possível que não posso ter um único minuto de paz? Aqui estou nesse trem esquecido com todas essas pessoas voltando do trabalho e depois de tudo... aquilo, ainda tenho que aturar esses aproveitadores. Eles nem tocaram em mim, mas sei que só preciso dar-lhes a oportunidade. Como... ele.
Eles não darão trégua enquanto eu estiver aqui, em pé, vulnerável a seu campo de visão devorador. Tenho tanto em minha mente agora, tanta coisa que quero refletir, mas essa sensação de servir de espetáculo visual para esses homens ao meu redor é simplesmente insuportável demais. Uma estação está chegando, não é a minha, mas eu preciso sair daqui.
Um banco, finalmente. Parecido com o que nós nos encontramos pela primeira vez. Ele era quente e veloz como um tornado... e agora, eu vejo, tão destruidor quanto. Me chamou de puta, disse que era um absurdo eu querer dele tanto. Mas só queria que me amasse. Droga, vou chorar de novo.
Estou farta disso. Quantos outros vão continuar olhando pro meu corpo e ver nada além disso? Lá está mais um fingindo que está apenas prestando atenção nos trens. Não quer saber o que penso, o que sou, apenas o que posso lhe oferecer. Como ele disse... apenas uma mulher bonita. É só o que importa.
Tenho que sair daqui, já estão se acumulando mais alguns homens ao redor. E é melhor antes que alguém perceba que estou choran-
- Desculpe moça, não vi você vindo com tanta pressa.
De onde veio esse rapaz? Ah, eu fui na direção da roleta de entrada. Burra, é claro que alguém ia te atropelar aqui.
- Eu que tenho que pedir desculpas, não estava vendo por onde andava.
E agora? Eu aqui tentando me desculpar, e ele está olhando para o nada atrás de mim. O que será que ele está vendo lá trás? Não tem nada. Por que ele está rindo?
- Moça, não estou olhando na sua direção. Estou olhando para você. Apreciando a paisagem de seus belos olhos, e tentando entender porquê estão tão tristes.

...

Mãe?, pergunta a menina, despertando a mulher de seu transe nostálgico, fazendo-a voltar para o presente. Desculpe querida, disse alguma coisa? a mãe a responde. Sim, diz a menina, perguntei se teve dificuldade em saber que o papai era um homem bacana.
Não, respondeu sua mãe com um sorriso no rosto, a imagem daquele esbarrão no jovem ainda em sua mente; eu soube no mesmo instante.

Comentário Sincero


Ontem encontrei essa imagem por aí, e, sinceramente, sabe o que eu acho?







Por isso que eles são garotos, e não Homens.


Primeira Impressão

"Qual era a distância que separava você da vítima e do suspeito?" perguntou o interrogador. O menino colocou as mãos na frente do rosto, tentando bloquear a forte luz que acabara de se ligar na sua frente entre si e o assustador homem de azul e preto do outro lado da mesa. "Eu..." começou ele, mas então se interrompeu com um pensamento, e depois retomou "não tenho idéia do que está falando. Que vítima e que suspeito?"
O interrogador olhou para o menino franzino e muito queimado pelos anos de exposição à luz do sol. "Não se faça de desentendido" disse-lhe "estou falando do crime que ocorreu no rochedo daquela praia, um assassinato acompanhado de suicídio, cometido pelo senhor-"
"Mas é isso que não estou entendendo" o garoto lhe interrompeu "ninguém matou ninguém e ninguém se matou." disse calmamente, enquanto tentava olhar a pasta na mão do interrogador.
O interrogador fechou a pasta e a cara. Apoiou os cotovelos na mesa, recurvando-se para frente. "Vou deixar bem clara a situação pra você: ontem, às onze e trinta e seis da manhã, um rapaz e uma garota subiram aquele famoso pedregulho de sete metros de altura que fica na praia em que você... trabalha" ele relutou "testemunhas da distância da praia viram eles chegando juntos, ele a aproxima com força do corpo dela e ela se contorce pra se separar, em seguida ele a empurra, a segura pelos ombros e faz mais força para que caia, e se joga logo após, momento o qual os praistas não presenciaram a queda por ela ter se processado atrás do rochedo do ponto de vista que eles estavam."
Se recostou de novo na cadeira. "Soa familiar pra você?"
Com os olhos fixos no homem, o menino lhe responde, lento e espantado "Não."
"Escuta" disse-lhe o interrogador depois de respirar profundamente "não sei se está a par, mas temos testemunhas de que você tinha subido o rochedo no mesmo momento, e alguns dizem ter-lhe visto lá em cima poucos minutos antes do casal chegar e só saindo alguns minutos depois de sua morte." Ele abre a pasta destaca as fotos e joga na direção do menino. "Se não me responder, então é cúmplice disso aí."
Quando começa a entender as fotos, o jovem coloca-as rapidamente de cabeça pra baixo, ofegante. "O que eu vi, senhor, é o que quer saber?". Com um sorriso no canto da boca, o interrogador respondeu "Claro, tudo que lembrar." Então colocou novamente os cotovelos na mesa, e apoiou o queixo sobre uma das mãos, atento. O menino limpou a garganta, pronto para começar.
"Eu estava de folga nesse dia e resolvi soltar pipa, só que aí ela ficou presa no pedregulho porque um menino cruzou a dele com minha. Aí subi lá pra tirar minha pipa que eu tinha gastado muito dinheiro com ela. Demorei um tempão lá em um canto que dava pé pra mim, e quando tirei a pipa, vi esses dois chegando. Eles eram mais velhos e era um homem e uma mulher, aí achei que iam ficar com raiva se eu aparecesse do cantinho ali embaixo, parecendo que estava espiando.
Aí tive que ficar lá mesmo, né. Eles ficarm quietos um pouco, depois ouvi conversando qualquer coisa muito rápido e rindo também. Uma hora eles ficaram mais sérios, e ouvi o homem dizendo:
- Quero te ter, e não sei como.
Quando olhei, ele tinha puxado ela com força para ele... em um abraço. Ela parecia triste ou confusa, ou os dois, não sei. Sei que passava os braços pelas costas dele e batia em seu peito com a mão fechada, como com raiva, mas nenhum deles estava com raiva. Acho que fiquei meio triste também, sabe? Entendi que a coisa estava muito pesada ali.
Aí depois de um tempo dela socando o peito dele, ele pegou nos ombros dela e separou os dois. Aí disse pra ela:
- Gosto de você, e a desejo. Seremos um agora ou não poderei mais.
Aí a garota fechou os olhos e ficou meio bamba, e vi ele se aproximar rápido e com muita vontade dela. Só que aí eles estavam muito perto da ponta da pedra, e com ela mole e ele fazendo força, o chão desceu embaixo deles. Ela tava mais próxima e foi primeiro, ele desceu em seguida.
Depois corri lá pra cima pra ver se podia ajudar. Vi o homem pendurado com uma mão na pedra, e a outra segurando a mulher. A gente não conversou, eu cheguei perto e estiquei a mão, o homem começou a levantar o braço que segurava ela pra que eu pudesse pegar a mulher porque ele estava escorregando na outra mão. Ela estava vendo isso também  e batia em seu braço pra que ele largasse ela."
O garoto tinha lágrimas nos olhos. Limpou-as e prosseguiu. "Mas não deu tempo, ele escorregou antes que pudesse fazer qualquer coisa. Não vai acreditar em mim, mas eu juro que enquanto eles desciam... tentavam se beijar."
O interrogador reclinou-se na cadeira. Mal podia acreditar na riqueza de detalhes que o menino tinha do fato... era demais para uma invenção, e ainda por cima batia com todas as, agora errôneas, interpretações do visto pelos praistas. De cabeça baixa, o menino só concluiu.
"Não entendo muito de assassinato e suicídio, doutor. Mas se o que vi foi isso, então foi o assassinato e o suicídio mais bonito que ouvi falar."

Loucura


Ela olhou para ele sentado na grama, observando as nuvens. Em pé, ao seu lado, apenas lhe disse:
- Então... você é o louco?
- Não. Você que é - disse-lhe imediatamente sem tirar os olhos do céu.
- Eu?! Que absurdo, como pode dizer que sou louca? Sequer te conheço!
- Então o que faria alguém vir conversar com alguém que considera louco, se não loucura?
- Não sei. Compaixão, talvez.
- Como pode ter compaixão por mim sem me conhecer?
- Conheço o suficiente para ter compaixão: sei que é louco.
- Só se pode ter compaixão por aquilo que se identifica. E se identifica-se com o que acha que eu sou, é louca.
- Não acho que é louco! Tenho certeza!
- Tem muitas certezas pra quem não me conhece. Está inventando, alucinando. É louca.
- Pare com isso!!
- Vai surtar? Ih...
- Ok... com calma. Senhor, não sou louca. Você foi diagnosticado com diversos problemas psiquiátricos e não está em condições de argumentar comigo.
- Isso é um desafio?
- Por que não?
- O que colocou no seu prato do almoço nas últimas 3 semanas e em que ordem?
- O que?!
- Vamos, quero ver como anda sua memória.
- Mas isso é loucura!
- É, não ter memória deve ser uma loucura mesmo.
- Não, loucura é se dar o trabalho de lembrar de tudo isso.
- E do que se lembra? Arquivos, textos, documentos...? Alguma coisa útil?
- Tudo isso é útil ao meu trabalho.
- Seu trabalho é uma loucura.
- Argh! Já vi que a maior loucura por aqui é tentar manter essa conversa!
- De fato. Está difícil conversar com uma mulher louca. Você mal deixa eu fazer meu trabalho.
- Seu trabalho? - Ela ri. - O que está fazendo, contabilidade de nuvens?
- Não, só imaginando quanto tempo perdemos com conversas fúteis e esquecemos de ver coisas belas e simples como a forma dessas nuvens, sua leveza e graciosidade. Talvez devêssemos nos espelhar mais nos exemplos da natureza, com as nuvens, por exemplo, poderíamos aprender a voar.
- ...senhor?
- Sim?
- Por que foi diagnosticado louco? Aqui na sua ficha diz que você possuia uma alucinação sobre todos quererem comer papel.
- Claro. Se não querem, não vejo utilidade para ansiarem 30 dias no trabalho por ele, pra quase sempre perdê-lo de uma vez e ter que começar mais um mês infeliz.
- Está falando de dinh-
- Estou falando de planos que fazemos para o depois, e as poucas oportunidades que nos damos no presente. As chances que perdemos por não conseguirmos se desligar do passado e projetar demais o futuro. - Ele observa enquanto ela se senta ao seu lado.
- Isso tudo é uma loucura...
- Em massa.
- Mas isso faz de mim uma louca. Como pode ter sabido desde o início?
Ele sorriu.
- É fácil reconhecer seus iguais.